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Viagem de vereadores de Senador Guiomard à Marcha dos Prefeitos levanta debate sobre prioridades e uso de recursos públicos


Foto: Reprodução


Evento nacional em Brasília reacende discussões locais sobre transporte, educação e acessibilidade no município acreano.

A participação de vereadores de Senador Guiomard na 25ª Marcha dos Prefeitos, realizada em Brasília, reacendeu um debate sobre a gestão de recursos públicos e as prioridades da administração municipal. A viagem, realizada com o pagamento de diárias que somam R$ 6 mil por parlamentar, ocorre em meio a uma série de dificuldades estruturais enfrentadas pelo município, o que tem motivado críticas e questionamentos por parte da população.

Articulação política ou desconexão local?

A justificativa apresentada pelos parlamentares é a busca por articulação política e acesso a programas e emendas federais. No entanto, a proximidade com a capital Rio Branco — onde estão localizados os gabinetes dos representantes federais do Acre — levanta dúvidas sobre a real necessidade de deslocamento até Brasília, especialmente diante do atual cenário fiscal e social do município.

Esse tipo de deslocamento, embora previsto legalmente e comum na agenda de parlamentares de todo o país, costuma gerar reações variadas, principalmente quando ocorre em contextos de fragilidade dos serviços públicos básicos. Especialistas em gestão pública apontam que, embora o diálogo com o governo federal seja legítimo, o custo-benefício dessas viagens deve ser avaliado com rigor, especialmente em cidades de menor porte e orçamento limitado.

Desafios estruturais permanecem

Enquanto a viagem era realizada, moradores de Senador Guiomard seguiam enfrentando problemas persistentes no cotidiano. Entre as principais queixas estão a precariedade do transporte público, que há anos opera com frota reduzida e veículos em más condições, além de horários que não atendem adequadamente à população.

Outro ponto que tem chamado a atenção é a ausência de políticas públicas eficazes para pessoas com deficiência. O município carece de acessibilidade adequada, e faltam profissionais especializados nos serviços de saúde e educação para garantir atendimento inclusivo.

Na rede municipal de ensino, há relatos de falta de mediadores escolares, especialmente para alunos com deficiência e transtornos do desenvolvimento. A ausência desses profissionais compromete diretamente o acesso pleno à educação e representa um obstáculo à inclusão escolar.

Remuneração e transparência em foco

Em paralelo, a Câmara Municipal aprovou recentemente reajustes salariais que elevaram os vencimentos dos vereadores para R$ 10.400 mensais. Embora os reajustes estejam de acordo com os limites constitucionais e legais, o debate público gira em torno da sensibilidade política de decisões dessa natureza em um cenário de carências locais.

O ponto central da discussão não é apenas o valor em si, mas a percepção de prioridades por parte do Legislativo. Para muitos analistas, a comunicação clara dos objetivos de viagens institucionais e a prestação de contas sobre os resultados obtidos são essenciais para manter a confiança da população.

Cidadania ativa e fiscalização

A controvérsia envolvendo a Marcha dos Prefeitos, em Senador Guiomard, destaca um aspecto fundamental da vida democrática: a importância da participação cidadã no acompanhamento das ações públicas. O controle social e a fiscalização por parte da sociedade são instrumentos legítimos para garantir maior alinhamento entre as demandas da população e a atuação dos representantes eleitos.

Se por um lado a presença dos vereadores em Brasília pode representar uma estratégia de articulação institucional, por outro, a falta de atenção a questões locais básicas — como transporte, educação e inclusão — expõe a necessidade de repensar prioridades e reforçar o compromisso com o cotidiano da população.



*Marcia Lindoso, 48 anos, Tec. em secretaria escolar, pedagoga, servidora publica, acadêmica de Letras/Libras – UFAC, Pós graduada em Libras – FAVENI





Fonte: OPalaciano
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