Sem definição: juiz dá cinco dias para defesa de Tarcísio Araújo apresentar alegações finais
O juiz Alesson Braz, responsável pelo caso referente à morte da cantora Nayara Vilela, deu um prazo de mais cinco dias úteis para que a defesa de Tarcísio Araújo envie os documentos finais. O homem é acusado de ter envolvimento na morte da ex-esposa. A decisão foi tomada após dois dias de escuta de diversas testemunhas. A definição sobre Tarcísio Araújo ir a julgamento ou não será tomada apenas após a entrega e análise dos documentos.
O MPAC acatou o pedido da Polícia Civil e o denunciou por feminicídio/ Foto: Reprodução
Durante as discussões finais, Efrain Mendonza, procurador do Ministério Público, destacou que Tarcísio foi omisso durante o relacionamento e sabia dos problemas psicológicos da vítima.
“Ela fez contato com a rede de apoio, mas não teve efeito. O marido Tarcísio sabia dos problemas enfrentados e não apoiou. Ele era ciente disso e não deu suporte. Ele sabia dos traumas e de que isso causava sofrimento a ela. O machismo fez com que ela fosse subjugada por ele; nem sequer quis saber sobre o remédio que ela tomava”, afirmou.
Ele também destacou que a falta de cuidado com as armas de fogo na residência é um agravante.
“Os espaços em que essa arma ficava armazenada eram de fácil acesso. A arma foi vista em um closet, de uso comum da vítima. O próprio acusado falou isso. O local era tão acessível que, no momento de sua morte, ela conseguiu alcançá-la. Não houve sinais de força ou de que o local foi arrombado”, reforçou, acrescentando que o fato de a vítima ter problemas psicológicos agrava ainda mais a negligência com o armazenamento da arma.
Mendonza afirmou ainda que o histórico da vítima com armas torna a questão ainda mais sensível, pois agrava o peso da omissão e da falta de cuidado por parte de Tarcísio.
“Ele tirou uma pessoa que estava tratando uma questão mental do tratamento. O Ministério Público não está definindo ele como criminoso, nunca dissemos que ele quis a morte da vítima, mas afirmamos que ele contribuiu com isso por meio de suas omissões”, pontuou.
O procurador completou que, mesmo se as denúncias se limitassem a esse ponto, já seria possível a qualificação de homicídio por omissão, mas que as ações iam além.
“Ele dizia: ‘Aquilo não era roupa, uma coisa é no palco, outra na rua’. Várias testemunhas relataram ofensas feitas à vítima pelas roupas e cabelo, além da tentativa de controle sobre a vida dela. Ele tentava submeter Nayara aos seus caprichos, o que pode configurar feminicídio”, disse.
Mendonza também mencionou vídeos em que Tarcísio aparece incentivando que a cantora cometesse atos contra a própria vida, dizendo frases como: “Vai em frente, se mata”.
O advogado do acusado realizará as alegações finais por memoriais, em documento redigido, com prazo de cinco dias úteis. O material poderá ser entregue até o dia 19 de maio.
Fonte: contilnetnoticias