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Blog do Ton: Um nome que está de volta no cenário político do Acre


Afastado dos holofotes desde o desligamento do gabinete da senadora e vice-governadora eleita Mailza, por quem demostra muita deferência, o pastor Reginaldo Ferreira viu nestas eleições uma oportunidade de reinvenção em sua carreira política. Sempre lembrado como mentor de grandes personalidades da política local, e atuando como tal com bem sucedido histórico, o pastor agora colocou a mão na massa e participou, ativamente, de pelo menos duas campanhas proporcionais bem sucedidas: os dois Eduardos Velloso, eleito deputado federal; e Ribeiro, eleito deputado estadual.

E, pelo visto, gostou da experiência. O Blog do Ton conversou com o líder religioso para saber mais sobre sua atuação, e se isso representa um retorno aos bastidores da política atuando como articulador. Acompanhe os principais trechos:

Blog do Ton: O senhor já tem um bom histórico de atuação na política, majoritariamente nos bastidores. Quando e onde começou?

Reginaldo Ferreira: Me sinto um ativista político por natureza. Ainda na infância, me recordo que acompanhava noticiários no rádio, discursos, falas do Tancredo Neves, manifestações, Ulysses Guimarães e sua atuação nas Diretas Já, e aquilo me encantava. Cresci, estudei sobre o assunto. Às vezes, me considero mais curioso do que estudioso. Frequentei a faculdade de Ciências Sociais; estudei os escritores da política clássica e posso dizer que sou fascinado pela política.

Militei em alguns partidos e cada um deles em algo me acrescentou. Não sou capaz de dizer o quanto acrescentei nesses quadros, mas posso garantir que, em todas essas experiências, cada um deles me acrescentou.

Ton: E quanto aos períodos sabáticos? Algum motivo o leva a assumir esses hiatos na articulação política?

Reginaldo: Em todas essas décadas, tive três ou quatro períodos sabáticos. Esse último foi pequeno, questão de meses. Nunca foram por decepção, foram por imposições de agendas às quais assumi, seja por questões familiares ou eclesiásticas. Sou um homem que não se pauta por decepções, eu sigo sempre em frente.

Ton: Se esse último hiato foi por questões eclesiásticas, o que motivou o senhor a interromper o hiato?

Reginaldo: Minha consciência cidadã. Com as eleições às portas, eu precisava como cidadão participar das discussões políticas. E eu sempre participo. Essas eleições assumiram um caráter bastante singular. Tínhamos duas opções: dar continuidade ao atual projeto ou mudar. Optei pela continuidade e entrei nas discussões.

Ton: Como foi sua participação? Tirou disto um saldo positivo?

Reginaldo: Sempre participo nos bastidores; dessa vez, fiz diferente. Me dediquei às atividades de campanha e fiz isso efetivamente. Escolhi dois Eduardos para colaborar: o Velloso, eleito deputado federal, e o Ribeiro, eleito deputado estadual. Participar dessas campanhas me trouxe enorme satisfação. Ambos são nomes qualificados, sensíveis às questões sociais. Competentes, portanto, a trazer resultados ao Acre.

Ton: O senhor disse que optou pela continuidade dos projetos políticos vigentes, tanto na esfera estadual como na federal. Por que fez essa opção?

Reginaldo: Sou um defensor da alternância de poder. Ela é importante, mas uma alternância de poder, de fato e de direito, não se configura pela mera alternância de nomes; deve, acima de tudo, se configurar com programas e projetos superiores e exequíveis.

Penso que o primeiro governo do jovem Gladson foi atípico, e uma das maiores atipicidades foi a pandemia. O que requereu uma postura diferenciada. O governador se mostrou humano. Sensível e diria que até corajoso e ousado em proteger o povo. Isso me sensibilizou.

Somado a isso, não vi em outras candidaturas — apesar de ter respeito pelos então postulantes — programas e projetos que me convencessem. A presença da senadora Mailza na chapa foi um fato que, também, me trouxe mais energia a colaborar. Ela me motivou a ir para a rua e mostrar apoio.

Ton: Parece que o senhor está empolgado com Gladson. Em 2020, sua relação com o governador ficou estremecida após supostos áudios, atribuídos ao senhor, virem à tona, com falas negativas direcionadas ao governador. Algo mudou?

Reginaldo: Foram falas recortadas, retiradas de contexto, em um cenário totalmente diferente do que hoje se desenha. Nós sabemos que, numa disputa eleitoral, existem interessados nesse tipo de coisa. Quando as pessoas dizem que o pastor Reginaldo é um homem que procura imitar o caráter de Cristo, por exemplo, não é porque eu digo que assim eu sou, é porque procuro agir como tal. Da mesma forma que estou atribuindo ao Gladson esses adjetivos. Foi por conta de sua postura.

Ton: Falando em cenários, como acredita que devem se desenhar os próximos cenários com Gladson reeleito?

Reginaldo: Existem fenômenos, semelhantes aos da natureza, que são resultantes do comportamento humano. Gladson se legitimou para um segundo mandato, fez jus a tal, se sagrou nas urnas e junto à opinião pública de maneira tão maciça que não restam dúvidas, nem aos que pensam diferente, de que é preciso reconhecer a vontade esmagadora da população. Além do apoio popular, esse apoio vem acompanhado de apoio de bancada nesta mesma linha, que certamente facilita nas composições em prol de uma grande política de Estado.

Estou seguro de que entenderam a mensagem e, até aqueles que se propuserem a fazer oposição — o que é válido — farão de forma coerente, adulta, e coesa. Quanto ao futuro, penso que Gladson pode fazer um grande governo. Mas ele não precisa apenas governar. Ele deve ter entendido a mensagem do povo para, também, liderar politicamente. Penso que ele deve chamar todos os líderes, prefeitos, bancada federal, e até a oposição para propor um pacto em prol do povo do Acre. Gladson pode estabelecer um divisor de água e colocar esse estado nos trilhos do desenvolvimento. Ele tem poder e tranquilidade para tal. E autoridade política também.

Ton: E quanto ao âmbito federal?

Reginaldo: Diferente da maioria, vejo como positivo para o Brasil. Vou explicar: apesar de estarmos em um cenário de instabilidade, turbulência econômica a vista e fragilidade social, isso se faz presente por conta de projetos que levam em conta vários fenômenos. Somos um país jovem, que está se ajustando. A desordem e o caos também nos fazem enxergar oportunidades em meio a dificuldades.

Ao perdurar o governo dado por eleito, penso que as pessoas que compõem esse governo precisam entender que a vontade do povo precisa prevalecer. As forças políticas podem até ignorar esse poder que vem do povo, mas não por muito tempo. O povo brasileiro se faz entender e impõe sua vontade. Trata-se de um povo majoritariamente liberal e conservador. Mesmo elegendo um governo com tendências de esquerda, não será assim por muito tempo; o povo fará sua vontade ser tão prevalecente a ponto de não ser ignorada.

Ton: Então é esse o cenário que o senhor acha que se desenha já nas próximas eleições? Como enxerga esses próximos ciclos?

Reginaldo: O governador Gladson e sua equipe já mostraram competência no trato com o processo eleitoral. Agiram como verdadeiros estrategistas. O trabalho de articuladores como Rômulo Grandidier, Jonatan Donadoni e Luiz Calixto foi decisivo nestas eleições. E pode ser nas próximas.

Penso que o governador Gladson pode chamar alguns atuais líderes, prefeitos, deputados e senadores, de situação e oposição, para fazer um pacto cavalheiro para que as próximas eleições não sejam obstáculo para o desenvolvimento do Acre. O povo vem primeiro. E essa equipe tem condições de desenhar um projeto, de curto, médio e longo prazo, e chamar essas forças políticas para fazerem um pacto. O cenário que sagrou Gladson campeão permite isso.

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