“Acreano médio pode ficar despreocupado”, afirma professor da Ufac sobre sanções dos EUA
O economista Rubicleis G. Silva, professor da Universidade Federal do Acre (Ufac), analisou os possíveis impactos no estado do Acre diante das medidas protecionistas anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que devem começar a surtir efeito a partir de agosto. Segundo o especialista, embora existam possíveis prejuízos, o efeito sobre a economia brasileira e acreana pode será muito mais limitado do que o governo norte-americano projeta.

O acreano não deverá sentir grande impacto no bolso/Foto: Reprodução
Segundo o pesquisador, o estado do Acre terá impacto zero na economia local, já que os Estados Unidos não está entre seus principais parceiros comerciais e que o acreano médio pode ficar despreocupado com as taxações, quando passarem a serem válidas. Já no cenário nacional, ele explica que as os produtos brasileiros mais exportados pelo Brasil também são de interesse de outros países ao redor do mundo.
“Da pauta de exportação brasileira, o grosso dos produtos que mandamos para os Estados Unidos são derivados de petróleo. Derivado de petróleo o mundo todo vai comprar, mesmo que os americanos deixem de adquirir”, afirmou o professor. Ele também citou o café como um exemplo de produto com demanda mundial em alta: “Existe uma crise de café no planeta. Falta café. Se os americanos não quiserem comprar, alguém compra o café brasileiro”.
Em relação ao suco de laranja, Rubicleis reconhece a possibilidade de algum impacto, mas destaca a competitividade brasileira no setor e os efeitos que a restrição pode gerar no próprio mercado norte-americano. “O Brasil coloca suco de fruta na prateleira do supermercado americano. Se esse suco sair, o preço vai subir e o consumidor americano vai pagar mais. Isso se traduz em aumento da inflação lá”.

O professor da Ufac afirma que o impacto será próximo a zero no Acre/Foto: Reprodução
O professor ressalta ainda que parte significativa das exportações brasileiras para os Estados Unidos envolve transações entre empresas americanas instaladas no Brasil e suas sedes nos EUA. “Quem está sendo mais prejudicado, nesse caso, são as empresas norte-americanas e o cidadão americano. Que o Brasil será prejudicado? Com certeza. Mas não no impacto como o governo norte-americano está imaginando”.
Ao analisar os possíveis reflexos para o Acre, Rubicleis aponta que os efeitos diretos podem ser sentidos em setores específicos, como o de carne. “Se os americanos não comprarem a carne brasileira e o resto do mundo também não absorver essa produção, o que acho muito difícil, haverá uma tendência natural de queda no preço da carne no mercado interno”.

A China é o maior importador do Brasil/Foto: Reprodução
Contudo, ele pondera que o verdadeiro impacto das medidas só poderá ser medido com estudos mais detalhados. “Cada produto tem uma sensibilidade diferente às variações de preço. E é essa sensibilidade que vai determinar o tamanho do impacto. No momento, tudo ainda é especulação”, finalizou.
Fonte: contilnetnoticias