Plantão

Acre sob alerta: 30% da juventude da Geração Z está fora da CLT e do sistema educacional

No Acre, uma parcela alarmante da Geração Z — aqueles nascidos entre 1995 e 2010 — tem deixado de lado o modelo de emprego formal: 30% dos jovens entre 15 e 29 anos estão nessa condição em 2024, índice recorde no país. O estado, que também registra a menor taxa de jovens ocupados na Região Norte (34,5%) e a pior colocação no ranking de inserção econômica da juventude no Brasil, enfrenta uma crise silenciosa no acesso ao trabalho formal.

30% da Geração Z de 15 a 29 anos que não estudam nem trabalham no estado — índice mais alto do país em 2024/Foto: Reprodução

Embora parte dessa turma esteja optando por trabalhos informais e modelos flexíveis, como microempreendedorismo e freelancers, o cenário acreano revela que muitos estão simplesmente desconectados tanto do mercado quanto dos estudos. A porcentagem de jovens “nem-nem” — aqueles que não estudam nem trabalham — chega a 30%, quase o dobro da média nacional, que está em 18,5%.

Essa realidade acende um alerta duplo. Do ponto de vista social, a precarização do trabalho entre os jovens os priva de direitos básicos garantidos pela CLT, como FGTS, aposentadoria e seguro-desemprego. Do ponto de vista educacional e econômico, a exclusão se agrava pela falta de formação técnica: apenas 12% das escolas do Acre oferecem esse tipo de ensino, o que limita as oportunidades de qualificação profissional e mobilidade no mercado de trabalho.

As consequências dessa desconexão são imediatas, mas também apontam para riscos de longo prazo. Sem vínculos formais, muitos jovens deixam de contribuir com o sistema previdenciário e podem chegar à vida adulta sem qualquer tipo de amparo social. Além disso, a baixa qualificação técnica compromete o acesso a empregos mais estáveis e bem remunerados. Essa fragilidade contribui, ainda, para a queda na arrecadação do Estado, afetando a sustentabilidade de políticas públicas de proteção social.

Para estancar essa onda de exclusão, especialistas apontam a necessidade de políticas coordenadas que envolvam a expansão do ensino técnico, especialmente com parcerias como o SENAI; estímulos ao empreendedorismo jovem, por meio do apoio a microempreendedores e incentivo à formalização; e a criação de iniciativas que combinem trabalho flexível com direitos garantidos. Campanhas de conscientização sobre previdência também são essenciais, para que mesmo os que atuam fora do regime CLT possam se planejar para o futuro.

A marca de 30% da juventude acreana afastada tanto da educação quanto do emprego formal é um sinal grave de que o Acre enfrenta um momento de ruptura social. A busca por liberdade e propósito, que sacode mercados no Brasil inteiro, precisa ser guiada por políticas estruturantes no estado. Sem isso, a Geração Z pode estar iniciando uma trajetória marcada por insegurança e precariedade – ao invés de protagonismo e desenvolvimento. Com informações do site Correio Braziliense.




Tecnologia do Blogger.