ICMBio diz que operação na Resex Chico Mendes vai durar por tempo indeterminado
O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) se manifestou por meio de nota pública, nesta segunda-feira (9), sobre a Operação Suçuarana, deflagrada dentro da Reserva Extrativista Chico Mendes, com foco no combate ao desmatamento ilegal.
A ação, que operará por tempo indeterminado, foi realizada no último dia 5 de junho e teve como principal alvo a pecuária irregular, identificada como a principal responsável pela degradação ambiental na unidade de conservação federal.

A operação foi deflagrada a partir de denuncias e levantamentos do MPF/Foto: ICMBio
“A Operação Suçuarana, realizada pelo ICMBio na Reserva Extrativista Chico Mendes, destina-se ao combate ao desmatamento na unidade de conservação federal, atualmente a mais desmatada do país. Ela foi deflagrada no último dia 5, Dia Mundial do Meio Ambiente, e operará por tempo indeterminado”, diz a nota.
A operação contou com o apoio do Batalhão de Polícia Militar Ambiental do Acre (BPA), da Força Nacional, da Polícia Rodoviária Federal (PRF), do Exército Brasileiro, do Ministério Público Federal (MPF) e do Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Acre (IDAF).
“Todos os alvos, portanto, têm ligação com esse crime ambiental e são infratores que já foram reiteradamente autuados administrativamente, seja por desmatamento, criação de gado acima do limite permitido, criação em área embargada, impedimento da regeneração da mata nativa ou obstrução à fiscalização. Há ainda alvos com decisão judicial transitada em julgado, determinando a retirada de suas ocupações, uma vez que são invasores ilegais e não beneficiários de uso do território da Reserva Extrativista Chico Mendes”, destaca.
O ICMBio afirmou que todas as ações da operação estão amparadas na legalidade.

Alguns pecuaristas reagiram publicamente contra a operação do ICMBio/Foto: ICMBio
“No âmbito da Operação Suçuarana, assim como em qualquer ação do ICMBio na Reserva Extrativista Chico Mendes e nos demais territórios nos quais somos gestores, agimos no trato com os cidadãos com urbanidade. Mesmo em um contexto de mediação de conflitos, nossas ações estão em conformidade com os princípios da legalidade, proporcionalidade e razoabilidade”, finalizou.
A operação é baseada em decisões judiciais, demandas do MPF e levantamentos técnicos realizados pelo próprio ICMBio. Segundo o órgão, os alvos não são escolhidos arbitrariamente.
Revolta dos produtores
as ações geraram críticas por parte de produtores rurais e simpatizantes. Em vídeo publicado nas redes sociais, o pecuarista Fernando Zamoura criticou a presença ostensiva das forças de segurança em propriedades rurais. Ele relembrou que a reserva foi criada às pressas em 1988, após o assassinato de Chico Mendes, e afirmou que pequenos produtores foram deixados em situação de vulnerabilidade desde então.
“Essas coisas desanimam! […] Hoje o remanescente dessas pessoas mora onde nasceu, criando gado e fazendo pequenas plantações. Aí chegam essas autoridades e os tratam como bandidos de alta periculosidade, confiscam o gado e os despejam de suas terras”, comentou Zamoura.
Segundo ele, muitas dessas famílias acabam migrando para as periferias das cidades por não terem alternativas viáveis de subsistência dentro das regras atuais da reserva.
Enquanto o ICMBio sustenta que a operação visa proteger o meio ambiente e garantir a sobrevivência sustentável das populações tradicionais, vozes como a de Zamoura levantam o debate sobre os impactos sociais das ações de fiscalização e o futuro dos moradores da região.
A Operação Suçuarana integra o esforço nacional de enfrentamento ao desmatamento e às mudanças climáticas, com foco na proteção das áreas legalmente protegidas da Amazônia.
Fonte: contilnetnoticias