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BLOG DO TON: José Adriano, da Fieac: “Um governo deve ser um apoio ao setor produtivo, não a subsistência”






Viver em um estado quase que totalmente dependente de recursos federais é como viver sob o teto dos pais e não ter a liberdade de dançar a própria música. Qualquer mudança de comportamento no cenário nacional pode fazer com que o estado reveja, de forma profunda, seu planejamento financeiro. Esse, aliás, foi um dos motivos que levaram o executivo a reestruturar suas despesas e anunciar cortes- e é uma preocupação de muita gente do setor terciário.



Foi esse um dos assuntos de uma conversa com o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Acre (Fieac), José Adriano. Falamos sobre esse e outros assuntos relacionados ao setor, que ganhou mais evidência nos últimos anos, mas quer e precisa de mais. Em um estado que respira política e depende dela, esse também foi um assunto recorrente. E que teve como fruto um duro recado aos próximos postulantes de prefeituras.



“Pode ter certeza: nós vamos analisar bem os quadros antes de nos posicionarmos de alguma forma. Não é o momento de discutir quem é de direita, quem é de esquerda. Na verdade, isso pouco importa. O que nós queremos é alguém que, realmente, venha com um projeto factível de prosperidade financeira. Nós vamos cobrar essa mudança no perfil das gestões […] dentro da realidade de cada município”.



Falamos sobre perspectivas, a visão do setor Acre adentro e alguns dos programas que podem movimentar a economia nos próximos tempos.



Confira:



Ton: Recentemente, uma visita à Shein foi destaque na imprensa nacional, porque abriu a possibilidade de o Acre estar numa vitrine que é internacional. Algo avançou?



Adriano: Da nossa parte, houve um levantamento de custos, porque uma das demandas da Shein foi justamente saber de que forma poderíamos, daqui, suprir uma demanda mundial sem abrir mão do preço e qualidade. Então, enviamos esse material, considerando itens de cama, mesa e banho com nossa matéria-prima: madeiras, bambus e considerando todos os impactos, sobretudo na área ambiental. Reunimos todo esse material, com algumas amostras, e enviamos ao presidente da Fiesp, que é o ponto focal da Shein aqui no Brasil.



Por aqui, o que precisamos pensar é em um formato de negócios que permita que todas essas empresas trabalhem de forma conjunta, uma espécie de consórcio ou cooperativa. Nós também temos agenda programada no Peru. Lá, temos uma matéria-prima, o algodão peruano, que gostaríamos de incorporar no material que devemos produzir.



Da parte do Governo, houve aquela reunião, e não tivemos respostas sobre o que avançou. E se já existe um grupo de trabalho pensando nessa demanda, e como está sendo trabalhado.



O presidente da Fiesp, Josué Gomes, deu alguma pista de como reagiu a esse material? Vocês receberam algum tipo de feedback?



Por enquanto, o presidente apenas acusou recebimento. Estaremos, no próximo dia 25, em São Paulo, e nos reuniremos novamente com todos os envolvidos. Acredito que nesse encontro teremos uma resposta sobre essa visão. Mas nós não mandamos apenas o produto que foi pedido: aproveitamos a oportunidade e enviamos também alguns produtos do gênero alimentício, já nessa expectativa de englobar um hall maior de produtos nossos. Eles têm um bom material para analisar, e acredito que só depois dessa viagem, teremos uma resposta mais clara.



Mas isso é o de menos: nós sabemos que nosso produto é bom. O que nos preocupa mesmo é assumir um compromisso com uma empresa multinacional, que trabalha com pedidos de grande escala, e atender esse pedido. Achar um formato de como nós trataremos essa produção.



Nesse ponto, de que forma o Governo poderia ajudar?



Sobre o grupo de trabalho, ainda não temos resposta. Em se tratando de produção, o governo pode incentivar. Ele será provocado. Nós, como indústria, devemos nos organizar para poder dizer ao governo onde ele pode nos ajudar, seja na parte de financiamento de equipamentos, seja nas questões mais representativas, ou até mesmo de matéria-prima. Mas, por enquanto, eu penso que o grande desafio seja esse nosso empresariado tomar consciência de que a ordem do momento é pensar em um trabalho que aconteça num modelo mais colaborativo, associativo. Isso irá nos permitir, pensando no contexto de robotização dos processos, alcançar uma mudança de paradigma no formato de gestão dessas empresas e isso é um sonho. A gente precisa sair dessa relação de dependência das compras governamentais. Isso é só um apoio. Não pode ser o meio de subsistência.



Enquanto isso não acontece, pensar no governo como o grande fiador do desenvolvimento é uma realidade. E algo que movimenta a indústria são as obras. Como a indústria vê esse cenário?



Existem muitos projetos propostos. Recentemente, estive com representantes do executivo municipal Estadual. O prefeito Tião Bocalom tem um orçamento que é interessante para investimentos. Mas entendemos também que o que existe em execução, nesse momento, se dá em função da janela de verão. Então, por exemplo, algumas recuperações de pavimentos só se consegue fazer até dezembro. Um prazo apertado. Mesmo assim, já começamos a ver esse tipo de investimento.



Tem também o programa habitacional, que começamos a ver alguns detalhes. Nos preocupamos com a questão licitatória. Trata-se de um projeto grande, e que a Fieac está de portas abertas para ajudar. Estivemos com o prefeito, a secretária Neiva [Planejamento], falamos com o secretário Cid [Infraestrutura], e tivemos algumas informações sobre o que é esse projeto no papel. Envolve um grande número de pessoal.



No âmbito estadual, existem obras paradas e o titular [presidente do Deracre, o Departamento de Estradas e Rodagens do Acre] já saiu em menos de 2 meses. Isso significa que perdemos mais tempo. Isso nos preocupa, porque trata-se de uma secretaria estratégica. Essa alternância é vista por nós, da indústria, com preocupação, em função dos projetos que estão paralisados. Além do desconforto gerado, isso gera um desânimo com relação ao que o Estado tem planejado. Mas estamos conscientes, também, de que algumas mudanças no âmbito federal prejudicam essa continuidade. Precisamos ser compreensivos e cautelosos ao lidar com esses temas. Existe também uma perspectiva no âmbito estadual sobre os programas habitacionais, com unidades para vários municípios. Acredito que essa seja uma aposta para os próximos anos.



Pode explicar um pouco mais e melhor sobre essa janela, para aqueles leitores que não estão melhor habituados sobre esse tipo de assunto?



Em termos práticos, por conta da estação do ano,nós temos um prazo bem apertado para trabalhar firme nas recuperações de algumas áreas, principalmente aquelas onde o acesso no período de cheias só se deu através dos rios. Ou seja: tudo que precisa ser feito tem, contando de agora, aproximadamente 20 ou 25 dias. É um prazo apertado! Soma-se isso com a situação de penúria de algumas prefeituras e você amplia a noção da gravidade e delicadeza desse assunto.



Então, eu não posso dizer que, em se tratando de Acre como um todo, existem grandes expectativas. Acredito que pouca coisa será ampliada. Agora, em se tratando de Estado, que é o maior demandador, a gente vê com preocupação porque muita coisa deveria estar acontecendo e, agora, atravessamos mais uma preocupação, que é essa discussão orçamentária. É um problema difícil e sério.



Estamos com capacidade mínima de investimento e não é de hoje que somos muito dependentes de repasses do Governo Federal. E, no que se trata desses repasses, foi observada uma queda significativa em seis meses. Isso prejudica a retomada das obras. Nesse sentido, nossa única expectativa fica por conta das pequenas obras de correção. Os investimentos feitos, por exemplo, nas BRs 364 e 317 deram uma pequena oxigenada. Nós estamos acompanhando.



Que caminho o Acre precisa percorrer para deixar de ser tão dependente dos recursos federais?



Não é nada que possa ser resolvido com um estalar de dedos, mas também não é um caminho impossível. Existe uma proposta de planejamento que reúne diversos fatores, uma reorientação do desenvolvimento, investimentos que são de fato estratégicos que garantam uma real possibilidade de um desenvolvimento com livre potencial. Esse tipo de cenário garantiria ao estado uma perenidade de arrecadação, sem que ficássemos dependentes de arrecadações que de alguma forma fazem falta.



Por exemplo: na última ExpoAcre, o governo abriu mão de algumas arrecadações, como o IPVA, e fala-se até em abrir mão de outros impostos nos próximos anos. Isso é bom para o comércio? Com certeza sim. Porém, a gente poderia ter aberto mão desse imposto, temos reais condições para isso? Pelo visto, não.



Existem dois pontos: o primeiro, essa questão de o Acre depender da política e dos recursos federais. E a segunda, de que existe, mesmo que timidamente ou não da forma ideal, algum crescimento do setor produtivo. Quais as perspectivas desse setor?



Uma coisa que eu posso garantir é que o setor produtivo, hoje, está mais unido que no passado. Tudo que passamos nos deu o que temos hoje: além de muito conhecimento, temos ferramentas e condições de provocar uma mudança no perfil dessas questões que vemos acompanhando. Inclusive, e principalmente, em se tratando de eleições.



Pode ter certeza: nós vamos analisar bem os quadros antes de nos posicionarmos de alguma forma. Não é o momento de discutir quem é de direita, quem é de esquerda. Na verdade, isso pouco importa. O que nós queremos é alguém que, realmente, venha com um projeto factível de prosperidade financeira. Nós vamos cobrar essa mudança no perfil das gestões, de tudo isso que falamos aqui, de forma planejada, dentro da realidade de cada município.



O PROBLEMA AGORA É OUTRO



Primeiro, membros do Palácio afirmavam que a candidatura do secretário Alysson Bestene (Segov) à prefeitura de Rio Btanco não ganhava corpo porque ele precisava ser mais visto. Alysson foi conduzido à coordenação da ExpoAcre, o evento de maior evidência da capital acreana em todos os setores. Agora, o problema é que Alysson não é o único candidato a prefeito pelo PP.



COMEÇA ERRADA



Parece que os envolvidos nessa empreitada, ao invés de um trabalho de viabilizar a imagem do seu virtual candidato, estão numa caça às bruxas – ou melhor, ao culpado. Se antes, o prefeito Tião Bocalom era apontado como alguém de alta rejeição e que não possuía condições de ser candidato à reeleição pela legenda, agora é visto como problema para que Alysson decole. Se a caminhada de Alysson rumo a uma candidatura majoritária como titular começa assim, começa errada.



PLANEJAMENTO



Ninguém sabe qual o problema e onde ele está. E, dentro de casa, existe um verdadeiro apaixonado por pesquisas, o marketeiro Wilson Rodrigues. Pesquisas de consumo interno já foram rodadas, algumas com resultados satisfatórios para Alysson, mas nenhuma de caráter qualitativo para saber como sua imagem pode ser trabalhada. Eu me recuso a acreditar que, com tanta gente trabalhando com o governador Gladson, um fenômeno em termos de imagem, ninguém tenha se atentado a pensar em um planejamento para o talvez apadrinhado que hoje é titular da Segov.



GANHAR CORPO



As definições para as próximas eleições começam a ganhar corpo. Dentro do PP, existe uma reunião pensada para os próximos dias, com data provável do dia 22, para definir a questão de quem será o candidato da sigla.



NO PSD…



Alguns movimentos me acenderam um alerta amarelo. No fim de semana, o assunto do momento nos bastidores foi uma reunião de membros da sigla com Marcus Alexandre, que foi até a Tenda Amarela vender seu peixe e pedir apoio da trupe do senador Petecão para o próximo ano. As discussões começaram e a tampa da chaleira deu sinais de vida.



ALERTAS



Após a vice-prefeita Marfisa Galvão ventilar seu nome à Câmara de Rio Branco, fontes da Tenda Amarela afirmam que o professor Carlos Coêlho, na reunião do fim de semana, colocou o nome à disposição do partido para o cargo de vice-prefeito. Lene Petecão, irmã do senador Petecão, também colocou seu nome à disposição.



ATENÇÃO



Duas coisas me chamaram atenção: primeiro, o fato de Marfisa e Lene não se entenderem muito bem de uns tempos pra cá; e agora esse desejo de uma à vereança, e de outra à vice-prefeitura. E segundo, Coêlho ter oficializado seu nome à disposição para o cargo de vice-prefeito, coisa que acredito ter acontecido, pelo pouco que conheço o professor, apenas porque Marfisa nunca oficializou, de fato, seu nome ao posto.



COMUNICAÇÃO FALHOU



De duas, uma. Ou tem angu nesse caroço, ou isso é uma falha grotesca de entendimento e alguém precisa ir na tenda amarela esclarecer os maus entendidos e cantar aquele famoso refrão da cantora Mari Fernandez: “Acho que a nossa comunicação falhou”.



PSD NEGA



De forma oficial, o partido nega qualquer rumor e afirma que a última reunião foi apenas uma conversa com Marcus Alexandre. Uma das tantas conversas que deverá ter nos próximos dias, para somente depois decidir seu rumo. Registro feito.



DEPOIS DO CARNAVAL



É a data prevista para que o partido tome uma decisão. Pode ir com Marcus, Alysson ou, quem sabe, tomar um rumo diferente. É esperar e aguardar…



BATE-REBATE



– Tive acesso a uma agenda do PSD e um rabisco me chamou atenção: (…)



– (…) “Conversa com Jenilson Leite” (…)



– (…) Será que entendi direito?



– Se a conversa for realidade, com certeza devem falar sobre a nova novela da Globo.



– Boa a atitude do Estado, através da Secretaria da Mulher, em mapear mulheres LBT+ para oferecer políticas de assistência (…)



– (…) Se uma mulher cis já sofre com as desigualdades, mulheres lésbicas, bissexuais e trans estão ainda mais á margem e precisam dos cuidados do Estado.



– O PP de Epitaciolândia fechou em torno do nome do empresário Everton Soares para as eleições do próximo ano (…)



– (…) As discussões já começam a ficar acaloradas em torno do vice. Epitaciolândia tem muito cacique e pouco índio.



– Até que enfim: o Deracre assinou o contrato que garante as obras da Ponte Metálica (…)



– (…) No entanto, absurdos os comentários de que o contrato saiu somente após a troca de gestão. Funcionalismo público não funciona assim.



Boa semana!




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Fonte: OPalaciano
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