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Policial que trabalhava no presídio do Quinari morre de Covid-19 após perder mãe e irmão para a doença

 Antônio Sérgio Silveira morreu nesse domingo (1). Em janeiro, o policial rodoviário federal Peregrino José de Lima, de 53 anos, irmão mais velho, também morreu vítima da doença. Em maio do ano passado, a matriarca da família, Josefa Silveira de Lima morreu de Covid-19 aos 81 anos.


FONTE: Alcinete Gadelha, G1 AC — Rio Branco



Antônio Sergio Silveira, de 52 anos, morreu vítima da doença, nesse domingo (28) — Foto: Arquivo pessoal


Após 14 dias do diagnóstico de que estava com Covid-19, o policial penal Antônio Sergio Silveira, de 52 anos, morreu vítima da doença, nesse domingo (28) no pronto-socorro de Rio Branco. Um homem generoso, como é lembrado pela família, ele deixa esposa e duas filhas. A mulher dele também se recupera da doença.

Em 10 meses, três pessoas da mesma família morreram vítimas do novo coronavírus. Os óbitos foram de uma mãe e dois filhos. Em janeiro, o policial rodoviário federal Peregrino José de Lima, de 53 anos, irmão mais velho de Sérgio Silveira, também morreu vítima da doença. Em maio do ano passado, a matriarca da família, Josefa Silveira de Lima morreu aos 81 anos.

"O Sérgio era um irmão muito atencioso, era carrancudo, não era de muito sorriso, mas o coração dele era gigante, paizão, inclusive, minha filha mais nova só chama ele de pai Sérgio. Ele gostava de cozinhar, teve uma padaria, confeitava um bolo como ninguém, depois passou no concurso do Iapen, era a vida dele, adorava fazer o que fazia. Generoso ao extremo", relembra a imã Silzete Lima.


Policial penal foi homenageado por colegas — Foto: Arquivo da família

'Tentando se reinventar'

Um homem religioso, Silveira era católico, de muita fé, como toda família que se agarra nesta esperança para superar as perdas dos últimos meses.

"Foram três quedas, uma atrás da outra. Hoje pela manhã fomos dar a notícia para o meu pai, porque quando ele faleceu, meu pai estava dormindo. A gente está tentando se reinventar, todo mundo com medo. Se antes a gente já tinha medo, agora redobrou, ninguém sai das suas casas. E entramos mais em oração, nessa hora, para tentar entender a situação", fala.

Silveira foi enterrado nesta segunda-feira (1) perto da mãe e do irmão mais velho. Ele foi homenageado pelos colegas de trabalho, que fizeram um cortejo até o cemitério. o Corpo foi levado no carro do Corpo de Bombeiros.

Mas, mesmo em meio a dor, a família se agarra à fé e coragem do patriarca que aconselha que eles devem superar.

"Sereno, baixou a cabeça e disse: 'olha, a gente não veio pra cá, para viver a vida inteira e quando o pai chama, a gente não pode questionar. Já é meu segundo filho, foi minha Zefinha, mas vou ter que superar.' Ele pede para a gente superar porque são os desígnios de Deus e a gente não pode ir contra", relembra Silzete sobre o conselho do pai.

Sintomas

A irmã de Silveira diz que inicialmente, ele sentiu os sintomas leves da doença, foi ao médico, mas voltou para casa. Depois, começou a ter febre e ficou internado em um hospital particular por cinco dias. A família chegou a fazer uma campanha para custear a internação na unidade.

Silzete conta ainda que ele precisava de Ventilação Não Invasiva (VNI), mas, no dia que foram ao PS não tinha, e também não conseguiram internar no Into-AC. Ele chegou a ficar internado na UPA do Segundo Distrito, mas precisava da VNI, foi quando foi levado para a Pronto Clínica, de onde ele foi transferido no domingo para o PS, onde conseguiu uma vaga na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

"Meu irmão estava conversando, saturando 96 quando chegou lá no PS. Ninguém entende o que aconteceu. A gasometria dele, sei que estava baixa, mas algumas horas depois ligaram, disseram que eles fez uma VNI, e a saturação dele caiu muito e não conseguiram nem entubar. Foi uma loucura no coração da família. Estava tão esperançosa, a gente tinha certeza que ele ia para o PS, e era tudo que a gente queria", conta.

O Instituto de Administração Penitenciária do Acre (Iapen-AC) emitiu nota de pesar pela morte do policial e disse que ele era reconhecido por ter uma conduta ilibada.

"Serjão, como era conhecido dentre seus pares, desenvolvia suas funções na equipe 'A' da Unidade Prisional do Quinari. Reconhecido por uma conduta ilibada, o servidor honrou o nome da Polícia Penal em todos os postos de serviço que passou. Que Deus, em sua infinita misericórdia, conceda conforto aos familiares, amigos e irmãos de farda para que encontrem nEle a força necessária nesse momento de tristeza e dor," diz a nota.




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