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Opinião: Acre está se transformando em celeiro do poker

Acre, Rondônia e Amazonas aos poucos vão se transformando em celeiros do poker - o que esperar do futuro?
Foto: Pokerstars
Muitos podem pensar que a diminuta densidade demográfica da Região Norte poderia indicar que o Acre e os outros Estados da região não poderiam ser grandes produtores de talentos esportivos, de alguma forma. A distância em relação aos principais centros esportivos do país também é, geralmente, indicada como fator que potencializa esse preconceito.

De toda sorte, em realidade, é apenas um preconceito; Quando a distância está apenas a um clique de um ponto ao outro, quando o certame é resolvido na velocidade da internet, as coisas ficam equilibradas e o preconceito cai por terra. Especificamente no poker, um dos esportes mentais que mais cresce no Brasil, Acre, Rondônia e os demais Estados do norte do Brasil se apresentam como celeiros cada vez mais fortes. Para se ter uma ideia, a região é bi-campeã do Campeonato Brasileiro de Poker por Equipes, na qual os Estados da Federação são representados por equipes e aquele com maior quantidade de pontos consagra-se como grande campeão.

Foto: Super Poker

Em 2014, a seleção de Amazonas (foto acima) foi consagrada como a grande vencedora. Na época, foi considerada uma zebra - chegou a iniciar o segundo dia de competições em último lugar. O time era formado por jogadores com bastante peso em torneios online - mas com nem tanta experiência em torneios “ao vivo”. Numa reviravolta espetacular, os jogadores amazonenses viraram o jogo e conquistaram um grande resultado para a região. “A gente viu que quase não passou do Dia 1. Olhamos e falamos: "olha, é ir lá pra ganhar. É ir lá pra ser campeão”, disse o jogador Alessandro Rodrigues em entrevista ao site SuperPoker, especializado na modalidade.

Única equipe conjunta do campeonato de 2015, Acre e Rondônia levam a taça
Comprovando que o poker é um dos esportes mais emocionantes e recheados de reviravoltas, o Campeonato Brasileiro de Poker por Equipes de 2015 apresentou mais uma história digna de Cinderella aos olhos de quem ainda não conhece a força do poker na região norte. Única equipe formada por jogadores de dois Estados (Rondônia/Acre) e liderada por Caio Hey, a equipe acre-rondoniênse começou o torneio de modo semelhante a de Amazonas em 2014, apenas na quarta posição.

A equipe então começou a crescer no dia final: foram duas vitórias em torneios paralelos, um vice e um terceiro lugar nos seis disponíveis. Com isso, a equipe bi estadual somou incríveis 58 pontos só no último dia de competições - o que a colocou 19 pontos de distância da segunda colocada, a seleção de Sergipe (confira aqui a classificação completa do certame).

Não foi mera surpresa: o time contava com a liderança de Caio Hey. Posicionado como um dos 20 melhores brasileiros no ranking do Global Poker Index, Caio (que é apelido, seu nome na verdade é Carlos Hey De Lima) já foi vencedor de uma das etapas do LAPT - circuito latino-americano de poker. Natural de Rondônia, Caio bateu 1150 inscritos em 2014, na ocasião. Além desse bom resultado, Hey já venceu três etapas do circuito brasileiro de poker, o BSOP (duas em 2014 e uma em 2013).

Com todos esses resultados positivos, vê-se que a região norte começa a se consolidar nos últimos tempos como um celeiro extremamente forte no cenário esportivo. Um grande trunfo é o sentimento de união que existe entre os produtos desse celeiro. Os campeonatos entre equipes estaduais se mostram como uma forma de mostrar o talento dos jogadores desses Estados. Com esses resultados, naturalmente começará uma migração maior de jogadores online (que ainda são maioria na região) para os torneios ao vivo e individuais. Para tanto, é necessário que haja torneios estaduais, como vem ocorrendo anualmente no Amazonas - mas, para que outros Reys apareçam, que eles ocorram nos demais Estados da região também. Talento, como mostramos, têm: faltaria o incentivo maior de patrocinadores da própria região.

Se compararmos o desempenho esportivo de jogadores de poker da Região Norte com a de atletas de outros esportes (mentais ou não) vê-se claramente que as cartinhas dão bastante retorno. Seja como individual para os praticantes, como profissão, ou coletivamente para os Estados.
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